O compositor é um eterno parteiro de emoções. Dá corpo, vida e autonomia a obras que não esperam a maioridade para se emancipar. Já nascem do mundo, seja ele grande ou pequeno. Quem ouvir detém para si parte da tutela. Assume a criatura e a revigora com suas próprias experiências e vivências. A integra em novas emoções, em novos significados. A melodia, a harmonia e a poesia musicais deixam de pertencer ao seu criador, se é que um dia dele foram.Essa é a beleza da interação que constitui o compositor.
A composição musical expressa o estado de espírito individual e coletivo. É resultado incerto e imperfeito do abstrato manifesto. A intuição e percepção concretizada em arranjo que só se realiza ao produzir novas intuições e percepções. É um fluxo infinito que carrega a centelha dos andamentos e movimentos do universo; de Ayan Agalu. Uma composição é sempre mutante de ordem e desordem, de alegrias e tristezas, de amor e ódio. Da mais pura humanidade, que, ao se integrar, transforma-se em divindade.
Lembro vagamente de minha primeira composição musical. Lá se foram uns bons 25 anos. Músicas pobres, ricas, pesadas, leves, claras, escuras. Sempre uma manifestação da individualidade e seus defeitos, limitações e brilhos. Demorei muito para entender que nunca chegariam à perfeição e que sempre estariam inacabadas se não fossem expostas à interpretação e emoção do outro. Hoje componho e liberto minhas composições sem medo da resposta. Pois a resposta é parte do que a música virá a ser, sem qualquer ponto de chegada.
Para celebrar este Dia do Compositor, lanço uma composição feita do mais puro sentimento de que o amor pode nos transformar. Nos fazer, eternamente, Recomeçar.
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