Acostumada a dirigir, principalmente na região metropolitana de Porto Alegre/RS, e tendo uma ideia de como é o trânsito no resto do Brasil, pensava eu que nada poderia ser pior. Enganei-me.
Como sabemos (eu gosto de admitir isso!), as mulheres, com algumas raras exceções, não possuem tanto senso de direção como os homens (e eles adoram ouvir isso!). Por isso, pensei que o meu grande e principal problema seria dirigir na mão contrária (inglesa). Quem dera essa fosse a principal questão.
Desde o nosso primeiro dia aqui na África do Sul comecei a observar o trânsito, pois é algo que realmente chamou a minha atenção.
As rodovias são ótimas. Imaginem uma BR116 quadriplicada, com velocidade máxima de 120 km/h. Sem reclamações. Nas estradas, quando não há pista duplicada ou algo do gênero, as pessoas se respeitam, diminuem velocidade e dão amplo espaço para ultrapassagem. E o mais interessante: isto é regra, não exceção.
Mas não é sobre isso que quero falar. O meu problema encontra-se nas cidades. Vou falar especificamente de Pretória e Johanesburgo, pois, por enquanto, são as duas principais cidades da nossa trajetória até então.
Ponto nº 1 (problemático, porém light): estamos acostumados, no Brasil, com preferenciais e paradas obrigatórias. Aqui, na grande maioria dos lugares, isso não existe. “Tudo” é parada obrigatória. Explico. Quando há possibilidade de direção para todos os lados (intercruzamento de ruas e sem sinaleiras), todos devem parar. Há placas de parada obrigatória nos quatro lados. Repito: todos param. E aí a confusão começa. Sabem aquele hit do Silvio Santos: “não sei se vou ou se fico, não sei se fico ou se vou…”. O sentimento é mais ou menos esse. Você perde um tempo “legal” ali, às vezes se estressa um pouquinho, pois depende da boa vontade alheia, mas ok, no fim tudo sempre dá certo. O bom desse ponto é que você não corre risco de vida. Aguarde o próximo.
Ponto nº 2 (problemático e hard): pensem em uma grande Avenida (como, por exemplo, a Ipiranga, em Porto Alegre), com as respectivas ruas laterais. Na Ipiranga, por exemplo, você encontra sinaleiras em todas as partes, em todas as intersecções, para poder converter para as ruas laterais. Aqui, na grande maioria das Avenidas, isso não existe: há sinaleiras somente na Avenida principal. Se você estivesse, por exemplo, dirigindo pela Ipiranga e quisesse entrar em alguma rua lateral, você deveria parar na parte central da Avenida e esperar a oportunidade para cruzar. E aqui não existem canteiros centrais! Imaginem o horário de pico… Na minha humilde opinião, uma palavra define esse cenário: caos.

Além disso, você precisa se acostumar com as mini vans, apelidadas por nós, carinhosamente, de “vuvuzela van”. O transporte público aqui é precário e um dos meios de transporte comumente usado são as famosas vans. As mini vans não possuem um roteiro fixo (ou paradas), então, para avisar os possíveis passageiros de que elas estão por perto, começam a buzinar enlouquecidamente. Sim, elas ficam o tempo todo buzinando. As pessoas fazem sinais com as mãos (dependendo do lugar para onde querem ir) e as vans param. E elas estão por todos os lugares. Quando você menos espera, uma “vuvuzela van” aparece e corta o seu caminho.
Moral da história: tudo sempre pode piorar. Ainda estou em pânico com o tráfego sul-africano. Não sei se vou conseguir pegar o carro e ir além do supermercado. Saudade de dirigir em terras brasileiras.
Ps.: alguns podem pensar que estou exagerando, mas são apenas percepções, vivências. Pode ser que daqui alguns dias/meses tudo esteja diferente. Será?
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